Políticos “brincam” com o futuro do cacau brasileiro
A única instituição responsável pela ciência e tecnologia do cacau brasileiro acaba de ser definitivamente desmontada pelo Ministério da Agricultura.
A instituição foi estrangulada por mais de 30 anos, sem permissão de contratar ou repor um só funcionário, e, agora, recebe o golpe final: está desfeita a conexão pesquisa-extensão rural, que é um mérito construído pela própria instituição com os esforços dos produtores e dos técnicos do Sul da Bahia, mérito este amplamente reconhecido nacional e internacionalmente.
O que podem fazer, sozinhos, os resultados da pesquisa científica, se não são transformados em tecnologias e capacitados os produtores para utilizá-los?
Aí cedemos a palavra a dirigentes de grandes instituições de pesquisa do País: “a Embrapa está abarrotada de conhecimento científico, mas não chega aos produtores; não temos assistência técnica e extensão rural”, afirma um de seus diretores, no jornal Folha de S. Paulo.
E assim será com o cacau em pouco tempo. Sem assistência técnica e extensão rural, agora criminosamente desmontadas, não só pela saída e aposentadoria dos técnicos, sem a devida reposição, mas pelo desmonte do modelo, com a cessão de prédios e pontos de referência dos produtores.
Somente nos últimos dois anos vimos três diretores gerais - Maynart, Galvão e Waldeck – se sucederem ao talante das indicações políticas, todos sem um plano discutido e aprovado pelo Ministério da Agricultura e sem qualquer nível de autonomia e poder.
O mesmo ocorre agora com a coordenação do órgão na Bahia, onde Alexandre, Melo e agora Waldo Brito – todos por indicação política – sentam-se na cadeira de “faz de conta” a engolir decisões emanadas do tal MAPA de verdadeiro desmonte da estrutura da instituição.
Isto tudo à vista das lideranças maiores da politica na Bahia, que por sua vez não emitem um só pio... Onde está o presidente nacional do Democratas, prefeito ACM Neto, baiano, que a tudo assiste passiva e coniventemente? Onde está esta verdadeira máquina política do DEM, que ocupa o próprio Ministério da Agricultura, a Casa Civil, a presidência da Câmara dos Deputados e a presidência do Senado?
Cadê a necessária presença do governador do estado da Bahia no âmbito dessa discussão? Acaba a Ceplac, pouco lhes importa. Fecha as portas de uma instituição – a única – responsável pela tecnologia do cacau e, mais curioso e grave: justo numa hora em que o mercado internacional vê a derrocada da produção do cacau africano, quando a Organização Internacional do Cacau reconhece o Brasil como país maior produtor de cacau superior – com demanda mundial mais que assegurada – e quando os esforços científicos e tecnológicos valida, agora incontestável, uma metodologia de produção que assegura altíssima produtividade para o cacau.
É, justo nesta hora, que o Brasil, seu Ministério da Agricultura e a estupidez e a irresponsabilidade dos políticos, desmontam a instituição que provê a necessária e experiente pesquisa científica, a assistência técnica e a extensão rural tirando as condições do produtor de cacau de continuar gerando desenvolvimento, empregos, impostos e milhões de dólares em divisas para o nosso País.
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