Índia liberará exportação de vacinas contra Covid-19, mas Brasil ficará de fora, diz agência
A Índia, uma das maiores fabricantes de insumos médicos do mundo, começará a exportar vacinas contra Covid-19 até a próxima quarta-feira, disseram fontes governamentais. O Brasil, que negocia o envio de 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Universidade de Oxford produzidas pelo instituto indiano Serum, não está na lista de nações contempladas, segundo apurou a Reuters.
O primeiro lote exportado irá para o Butão, disseram as autoridades, que pediram para não terem seus nomes revelados pois um anúncio formal ainda será feito pelo governo indiano.Dois milhões de doses do imunizante produzidas pelo Instituto Serum também serão despachadas para Bangladesh na quinta, disseram as mesmas fontes. O Ministério das Relações Exteriores de Bangladesh confirmou os planos, afirmando que um voo especial da Índia desembarcará em Dhaka na quinta.
"Bangladesh receberá 2 milhões de doses da vacina contra Covid-19 Oxford-AstraZeneca da Índia como uma doação em 21 de janeiro", disse a pasta em comunicado. O Instituto Serum, maior produtor mundial de vacinas, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. A Índia recebeu pedidos de dezenas de nações, incluindo um pedido urgente do Brasil, para começar a exportar a vacina do centro do Serum na cidade de Pune. O governo do premiê indiano, Narendra Modi, no entanto, queria iniciar a campanha de vacinação no país antes de começar as exportações, disse uma das fontes.
A Índia começou a vacinar no sábado seus profissionais de saúde com o imunizante Oxford/AstraZeneca, assim como um outro desenvolvido pela Bharat Biotech. O país pretende começar a exportar a vacina da Bharat em um segundo momento.
O governo brasileiro chegou a preparar um avião para buscar 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca na Índia, que seriam exportadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e usadas no início da vacinação no país, mas o voo acabou sendo cancelado. O uso emergencial do imunizante que seria trazido do país asiático foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no último domingo. Além disso, clínicas privadas de vacinação também têm acordo para comprar 5 milhões de doses da vacina da Bharat uma vez que o imunizante obtenha registro definitivo junto à Anvisa.
Na última segunda-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, justificou os entraves nas negociações com a Índia pelo “fuso horário” do país asiático. Pazuello também não soube precisar uma data para a chegada das doses produzidas pelo Serum.
— Todos os dias nós temos tido reuniões diplomáticas com a Índia, todo dia. O fuso horário é muito complicado. Nós estamos recebendo a sinalização de que isso deverá ser resolvido nos próximos dias dessa semana — disse o ministro da Saúde durante coletiva de imprensa. O presidente Jair Bolsonaro chegou a se reunir com o embaixador da Índia no Brasil, Suresh K. Reddy, com a intenção de acelerar a liberação das vacinas. Antes do início da imunização de brasileiros por meio da CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, os imunizantes importados da Índia eram a principal aposta do governo federal para dar início à campanha de imunização contra a Covid-19. (O Globo)