Doença crosta-negra reduziu à metade produção 2020/21 de borracha na Bahia
Sintomas, à esquerda; desfolha, à direita.
A doença denominada crosta-negra – que está presente em municípios do Baixo sul da Bahia e em alguns municípios do Litoral sul – causou perdas avaliadas em torno de 50% da produção de borracha da Bahia na safra 2020/2021.
A ocorrência desta doença foi constatada pelos pesquisadores Adonias de Castro Virgens Filho, Ivo Cairo Cabral Júnior, Jaime Honorato Júnior e José Luís Bezerra e divulgada em artigo técnico “Ocorrência da crosta-negra em seringais do sudeste da Bahia” publicado recentemente na revista Agrotrópica, editada pela Ceplac.
A severidade da doença e os danos causados nas áreas pioneiras motivou a publicação de portaria pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia, visando à adoção de medidas mitigadoras, a fim de evitar sua disseminação para outros municípios e estados.
A doença é causada pelo fungo Phyllacora huberi, que pode estar associado à doença rosenscheldiella heveae, e contar com a invasão de fungos das espécies Colletotrichum sp. e Corynespora cassiicola. Também há suspeitas por parte dos pesquisadores, baseadas em evidência morfológica de sintomas e sinais, de que exista mais um outro fungo causando a doença.
A crosta-negra provoca desfolha progressiva e lenta das plantas podendo causar desfolhamento de até 90% da copa, cerca de quatro a seis meses após o refolhamento normal da seringueira, período em que ocorre a ação danosa de outras pragas.
A aplicação de fungicidas requer a definição de tecnologia de aplicação acessível e eficaz, que possibilite a adoção pelos produtores e, em especial, pela agricultura familiar.
Como medida de controle da crosta-negra os técnicos recomendam a aplicação de fungicida composto por estrobirulina, azoxistrobina e um triazol, o tebuconazol, na concentração de 0,0125%. A necessidade de registro deste produto para a seringueira torna necessária a adoção de medidas junto às empresas fabricantes e ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, visando à sua extensão de uso.
A ação danosa do complexo crosta-negra requer a indicação de clones produtivos e resistentes às enfermidades ou clones produtivos que possam ser explorados com manejo integrado, gerando eficácia no benefício/custo.
A importância social, econômica e ambiental deste problema sugere a realização de pesquisas no sentido de se conhecer melhor a integração deste fungo no patossistema e definir medidas eficazes de controle químico, biológico e/ou genético.